IZA COSTA

Para e chegar ao país do desenho, ou mais, ao continente desenhado por Iza Costa, é preciso passar pelo traiçoeiro vale do dom, arriscar-se no escuro, subir sem receio as encostas da vontade e finalmente, já quase a salvo, atravessar com uma técnica carnal o altiplano repleto de apelos, enganos, seduções, armas e escudos: eis que surge, então, do lamaçal, a arte encarnada, limite de vivências que recuperam nossa história mutilada. Oásis.

Para chegar até a este continente desenhado por Iza Costa basta, de uma outra forma, passar atentamente os olhos por este livro e deparar, a cada página, com verdadeiras passagens abertas pelas fronteiras da percepção. Siga as mãos de Iza Costa, elas sinalizam que nada será em vão.

O desenho é como o próprio instante. Por não ser feito de camadas, mas somente de traços, ele não assimila enganos. Ao contrário do que ocorre em outras formas de expressão artística, o desenho não permite uma segunda vez à artista. Ele irrompe transparente, incorruptível e por caminhos sem retorno.